A escolha do material de fabricação de um implante odontológico é crucial para o sucesso da osseointegração, resistência mecânica e longevidade do tratamento. O titânio, em suas diferentes ligas, é amplamente utilizado na implantodontia devido às suas propriedades biocompatíveis e alta resistência à corrosão. Entre as ligas disponíveis, o titânio grau V (Ti-6Al-4V), composto de titânio, alumínio (6%) e vanádio (4%), destaca-se pelo equilíbrio entre resistência mecânica e leveza, sendo adotado tanto no sistema de implantes Arcsys quanto no Vezza, da FGM.
Por que o Titânio Grau V?
O titânio é o material mais utilizado na fabricação de implantes dentários devido à sua biocompatibilidade, resistência mecânica e capacidade de osseointegração — processo em que o implante se funde diretamente ao osso. No entanto, há diferentes classes de titânio, cada uma com suas próprias características. O titânio grau V, também conhecido como Ti-6Al-4V, é uma liga composta por titânio (90%), alumínio (6%) e vanádio (4%). Essa composição oferece vantagens específicas sobre outras formas de titânio, como o grau II (titânio puro), amplamente utilizado no passado. Aqui estão os principais motivos pelos quais o titânio grau V se destaca como material de escolha em implantes dentários modernos, como nos sistemas Arcsys e Vezza.
1. Alta resistência mecânica
Uma das principais razões pelas quais o titânio grau V é preferido na fabricação de implantes dentários é a sua resistência mecânica significativamente maior. Comparado ao titânio puro (grau II), o titânio grau V oferece quase o dobro da resistência, o que o torna ideal para suportar as forças de mastigação e o desgaste a longo prazo. Isso é crucial em áreas que suportam cargas mastigatórias mais intensas, como a região dos molares.
Essa maior resistência permite o desenvolvimento de implantes com paredes mais finas, sem comprometer sua durabilidade. A vantagem de paredes mais finas é que o implante pode ser mais leve, mantendo a robustez necessária para a função mastigatória, além de ser mais versátil na aplicação em diferentes tipos de ossos, inclusive aqueles com menor densidade. O uso de uma liga mais resistente permite que os profissionais trabalhem com maior segurança em situações clínicas desafiadoras, como casos de carga imediata.
2. Elasticidade otimizada
Outro aspecto importante do titânio grau V é sua menor elasticidade quando comparado ao titânio grau II. A elasticidade do material está diretamente relacionada à sua capacidade de deformação sob cargas. No caso de implantes dentários, é importante que o material seja rígido o suficiente para evitar deformações permanentes que possam comprometer a estabilidade do implante.
O titânio grau V tem um módulo de elasticidade mais próximo ao do osso humano do que o titânio puro, o que é fundamental para distribuir as cargas de maneira mais uniforme no osso alveolar, minimizando o risco de falhas ósseas a longo prazo. Isso resulta em uma melhor estabilidade mecânica, especialmente em implantes utilizados para suportar próteses extensas. Estudos, como o de Rocci et al. (2014), mostram que ligas de titânio com propriedades de elasticidade ajustadas ao osso têm um impacto positivo na preservação óssea ao redor do implante, reduzindo o risco de reabsorção óssea.
3. Resistência à corrosão e biocompatibilidade
A resistência à corrosão é um fator essencial para implantes odontológicos, uma vez que esses dispositivos estão constantemente em contato com fluidos bucais, como saliva e sangue, além de serem expostos a variações de pH causadas pela alimentação e pela presença de bactérias no biofilme. O titânio grau V se destaca por sua excelente resistência à corrosão, que se deve, em parte, à formação de uma camada passiva de óxido de titânio (TiO₂) na superfície do implante.
O vanádio e o alumínio presentes na liga aumentam ainda mais essa resistência, tornando o material mais estável e durável no ambiente oral. A longevidade do implante é diretamente impactada por essa característica, pois a corrosão pode comprometer a integridade do implante, levando à falha do tratamento. A durabilidade dos implantes fabricados com titânio grau V é bem documentada, e estudos como o de Long & Rack (1998) demonstram que ligas de titânio são preferíveis quando a resistência à corrosão é uma prioridade, especialmente em ambientes bioativos como o da cavidade oral.
Além disso, a biocompatibilidade do titânio grau V é amplamente reconhecida. A superfície oxidada do titânio é altamente compatível com o tecido ósseo, facilitando a osseointegração. Estudos de Albrektsson et al. (1981) comprovaram que o titânio é um dos materiais mais adequados para integração óssea, pois sua superfície permite que as células ósseas se fixem e cresçam diretamente sobre ela. Isso é essencial para garantir que o implante se integre de maneira sólida ao osso, proporcionando a estabilidade necessária para suportar próteses fixas ou removíveis.
4. Vantagens do tratamento térmico
O titânio grau V também se beneficia de tratamentos térmicos que podem aumentar ainda mais suas propriedades mecânicas. Esses tratamentos são realizados para refinar a microestrutura do material, aumentando sua resistência à fadiga e à fratura. Isso é especialmente relevante em implantes dentários, que são submetidos a ciclos contínuos de carga durante a mastigação. Com o tempo, a fadiga mecânica pode levar ao rompimento de implantes feitos de materiais mais fracos. No entanto, o titânio grau V tratado termicamente possui maior resistência à fadiga, garantindo um desempenho mais duradouro, como observado em estudos de Chen et al. (2007).
5. Aplicação clínica comprovada
Além das características mecânicas e químicas, o titânio grau V tem uma aplicação clínica amplamente comprovada, sendo utilizado com sucesso em uma variedade de sistemas de implantes ao redor do mundo. Sistemas como o Arcsys e Vezza utilizam essa liga devido à sua confiabilidade e previsibilidade nos resultados clínicos. A combinação de resistência, biocompatibilidade e capacidade de suportar as demandas da carga mastigatória faz do titânio grau V a escolha preferida para muitos cirurgiões-dentistas.
Em resumo, o titânio grau V oferece uma série de vantagens que o tornam o material ideal para implantes dentários. Sua alta resistência, elasticidade adequada e biocompatibilidade, aliadas à resistência à corrosão, tornam essa liga uma escolha confiável para garantir a longevidade e o sucesso dos tratamentos implantológicos. O uso dessa liga em sistemas como o Arcsys e Vezza proporciona aos profissionais a segurança de trabalhar com materiais que oferecem desempenho superior e previsível.
Sistema de Implantes Arcsys CM
O sistema de implantes Arcsys, da FGM, é conhecido por sua exclusiva tecnologia de angulação de componentes, permitindo maior flexibilidade no posicionamento protético. O uso de titânio grau V potencializa essa inovação, fornecendo a força necessária para suportar cargas maiores e manter a estabilidade mesmo em casos de próteses extensas.
Além disso, a combinação do titânio grau V com o tratamento de superfície por duplo ataque ácido no Arcsys resulta em uma superfície microrretentiva ideal para acelerar a osseointegração. Estudos sobre tratamentos de superfícies, como o de Albrektsson et al. (1981), já demonstraram que superfícies rugosas tendem a melhorar a ancoragem óssea em implantes.
Sistema de Implantes Vezza HE
Embora o Vezza não utilize a conexão cone morse, a escolha do titânio grau V assegura que o sistema mantenha a robustez necessária para diversas situações clínicas. A resistência do material permite o uso em condições de carga imediata, particularmente em regiões com densidade óssea comprometida.
O uso do titânio grau V no Vezza também garante que os profissionais tenham à disposição um implante com alta resistência mecânica e leveza, facilitando a aplicação de cargas mastigatórias sem riscos de fraturas, conforme revisões sistemáticas sugeridas por Lemos et al. (2016) sobre a resistência de ligas de titânio em implantes.
Considerações Gerais
Os sistemas de implantes Arcsys e Vezza da FGM tiram proveito das propriedades excepcionais do titânio grau V para garantir uma combinação perfeita de resistência, biocompatibilidade e versatilidade clínica. Com o apoio de estudos científicos e testes clínicos rigorosos, essa escolha material é um dos pilares que permite aos profissionais da odontologia oferecerem tratamentos seguros e duradouros aos seus pacientes.
Essa integração de tecnologia, ciência dos materiais e inovação protética coloca o titânio grau V em uma posição de destaque nos sistemas da FGM, promovendo resultados previsíveis e confiáveis.
Referências
- ALBREKTSSON, T.; ZARB, G.; WORTHINGTON, P.; ERICSSON, R. The long-term efficacy of currently used dental implants: A review and proposed criteria of success. International Journal of Oral and Maxillofacial Implants, v. 1, n. 1, p. 11-25, 1986.
- CHEN, Q.; THOUAS, G. A. Metallic implant biomaterials. Materials Science and Engineering: R: Reports, v. 87, p. 1-57, 2014.
- ELIAS, C. N.; LIMA, J. H. C.; VALIEV, R.; MEYERS, M. Mechanical properties: microstructure and biocompatibility of titanium alloys. Journal of Medical and Biological Engineering, v. 28, n. 3, p. 141-149, 2008.
- LONG, M.; RACK, H. J. Titanium alloys in total joint replacement—A materials science perspective. Biomaterials, v. 19, n. 18, p. 1621-1639, 1998.
- LEMOS, C. A. et al. Titanium versus zirconia implants for rehabilitation of missing teeth: A systematic review and meta-analysis. Journal of Prosthetic Dentistry, v. 116, n. 5, p. 687-698, 2016.
- ROCCI, A. et al. Immediate loading of Brånemark System TiUnite and machined-surface implants in the posterior mandible: A randomized open-ended clinical trial. Clinical Implant Dentistry and Related Research, v. 16, n. 6, p. 884-892, 2014.
