Técnica incremental ou Bulk Fill?

Sobre a técnica incremental

As resinas restauradoras tradicionais ainda possuem uma pequena profundidade de polimerização: de 2 mm, em média. Pensando em minimizar problemas e otimizar a performance do material, desenvolveu-se a técnica incremental. No entanto, não basta usarmos pequenos incrementos de 2 mm na reconstrução dos dentes com cavidades de muitas paredes; é preciso que não sejam mais de duas paredes ao mesmo tempo, a fim de reduzir a cada incremento a área de tensão gerada durante a polimerização.

A técnica incremental em dentes posteriores requer mais tempo para sua execução – pequenos incrementos que são colocados e fotoativados próximos uns aos outros sem que estejam unidos entre si, sendo unidos ao final por uma diminuta quantidade de resina -, o que eleva o fator custo, em termos de tempo de cadeira, entre incrementos, além de maior fadiga para o operador e o profissional.

Podemos considerar uma técnica de reconstrução aditiva ou regressiva, em que mãos treinadas podem realizar trabalhos superartísticos, não somente na forma como na naturalidade em profundidade de cor pelo emprego de massas de resina de diferentes opacidades e cores.

Sobre as resinas Bulk Fill

Na década passada, surgiram as resinas do tipo Bulk Fill (preenchimento com um grande bloco), inicialmente de consistência fluida (no inglês, flow), com profundidade de polimerização de 4 a 5 mm e baixa tensão gerada pela reduzida contração de polimerização dos materiais em relação às resinas tradicionais em massa e fluidez.

Com isso, uma base de resina em dentina poderia ser feita de modo rápido e seguro, um preenchimento com baixo risco de bolhas ou falhas de adaptação, deixando os 2 mm finais para uma técnica incremental com uma resina restauradora tradicional.

Essa técnica recebeu o nome de Bulk & Body: uma grande quantidade de resina era injetada de uma só vez, fotoativada e, depois, uma rápida técnica incremental mais rápida era feita, normalmente com uma resina de corpo – ou body -, por exemplo.

Nessa técnica, houve um considerável ganho em produtividade, adaptação e selamento marginal em cavidades classe II, além da redução de riscos deletérios da contração de polimerização e a possibilidade de caracterização estética das camadas superficiais.

Poucos anos depois, surgiram as resinas Bulk Fill em massa ou restauradoras, nas quais se defende a colocação de incrementos de 4 a 5 mm, compactando-os na cavidade. Após seu preenchimento de uma forma subtrativa ou regressiva, obtém-se a anatomia desejada.

O ganho de tempo clínico foi ainda maior. Desse modo, tem-se maior rentabilidade para o profissional – mesmo que os materiais Bulk custem um pouco mais que seus similares tradicionais.

Algumas questões precisam ser abordadas, como a maior translucidez dos materiais Bulk Fill (para permitir a passagem de luz), o que pode gerar um discreto acinzentamento, que não se mostra crítico na maioria dos casos do dia a dia.

Em condições de dentinas escurecidas, esse aspecto acinzentado seria mais pronunciado, sendo que, para evitar isso, seria necessário o uso prévio de uma resina opacificadora e uma dentina bem cromática.

Outro ponto a se considerar é que um único preenchimento com uma resina em massa pode gerar pequenas falhas internas de adaptação, especialmente nas cavidades classe II. Além disso, a maior translucidez do material reduz o tempo de trabalho em campo operatório iluminado – o que é estritamente necessário em uma técnica de escultura regressiva.

Fig. 9 – Segunda camada com Resina Opus Bulk Fill APS A2 FGM - Técnica incremental ou Bulk Fill?

Indicações de cada técnica

Portanto, como tudo tem vantagens e desvantagens, podemos obter o melhor dos mundos por meio da associação de técnicas.

Exemplos:

  • Resinas Opus Bulk Fill APS oferecem maior tempo de trabalho sob campo operatório iluminado do que os demais materiais graças a exclusiva tecnologia APS (Advanced Polymerization System) da FGM. Vantagem: obtenção de margens com menor quantidade de excessos.
  • Em pré-molares e em áreas nas quais a máxima estética posterior for exigida, pode-se empregar técnicas tipo Bulk Flow (Opus Bulk Fill Flow APS) para a base e resinas convencionais (Vittra APS ou Opallis por exemplo) como uma complementação incremental. Vantagens: ganho de tempo e estética natural.
  • Molares superiores e molares inferiores classe I com técnica Bulk restauradora em massa. Vantagens: simples, super-rápido e estética aceitável para a grande maioria dos pacientes.
  • Molares classe II com técnica Bulk & Bulk, em que podemos injetar uma base de Bulk Flow e, após fotoativar, termos o rápido preenchimento da cavidade com uma Bulk restauradora em massa. Vantagens: velocidade e melhor selamento.

Conclusão

Podemos, então, concluir que uma técnica não concorre com a outra, mas sim, podem, muitas vezes se complementarem e serem opções uma a outra, de acordo com uma situação ou perfil específico do paciente.

Ainda, toda e qualquer resina, independentemente de qual seja, precisa de criteriosos protocolos adesivos, bem como de fotoativação.

 

Autor: Rodrigo S. Reis

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