Autores: Gustavo Oliveira dos Santos: professor adjunto de Clínica Integrada – FO/UFF / professor do Mestrado em Clínica Odontológica – FO/UFF / doutor em Dentística – FO/UERJ / Isleine Portal Caldas: oficial dentista – Exército Brasileiro / mestre em Clínica Odontológica – FO/UFF / especialista em Prótese Dental – Fo/UERJ
Manchas e defeitos no esmalte dental podem ocorrer por inúmeros fatores, tais como hipoplasia, fluorose, pigmentação por medicamentos e desmineralização por cárie. Quando essas manchas são superficiais, a microabrasão do esmalte é o tratamento de eleição.
A técnica de microabrasão começou a ser utilizada por Chandra e Chawla (1975), que preconizavam o uso de discos de borracha abrasivos para auxiliar a ação dos agentes químicos no clareamento. Em 1986, Croll e Cavanaugh propuseram a remoção de manchas no esmalte pelo emprego de uma mistura de ácido hidroclorídrico a 18% com pedra-pomes, que era aplicada na área afetada com o auxílio de uma espátula de madeira. Dessa forma, pela ação química combinada da solução ácida com o efeito abrasivo da pedra-pomes, a camada mais superficial do esmalte dental era removida, restabelecendo-se a sua cor. Atualmente, tanto o ácido fosfórico em gel com pedra-pomes quanto o ácido clorídrico associado ao carbeto de silício têm sido indicados para a técnica de microabrasão.
O objetivo das técnicas de microabrasão é a recuperação da estética através de um mínimo desgaste superficial do esmalte. Apesar de realmente haver desgaste, Sundfeld et al (1990) afirma que ele é mínimo quando comparado com a espessura total de esmalte no dente. Segundo Croll et al (1993), o esmalte fica, além de polido, menos propenso à desmineralização e à colonização por S. mutans quando, após a microabrasão, é aplicado o flúor.
Considerando os aspectos citados, o propósito deste trabalho é apresentar um caso clínico empregando a técnica de microabrasão do esmalte para remoção de manchas brancas hipoplásicas.
Relato do caso clínico
Paciente do sexo feminino, 20 anos, procurou a Clínica Integrada da Universidade Federal Fluminense (UFF) apresentando pequenas manchas hipoplásicas em toda região anterior da arcada superior (Figs. 1 a 4). Para verificar a profundidade da mancha, realizou-se transiluminação com fotopolimerizador, o que mostrou manchas bem delimitadas e superficiais (Figs. 5 e 6).
Inicialmente, foi realizada a profilaxia, e, em seguida, feito o isolamento absoluto do campo operatório (Fig. 7). Para execução da microabrasão, foi feita a aplicação do produto à base de ácido clorídrico 6% e carbeto de silício (Whiteness RM, FGM), conforme orientações do fabricante (Figs. 8 a 16). O ácido presente na pasta atua como desmineralizante, enquanto a taça de borracha e a microescova em baixa rotação desgasta alguns micrômetros da estrutura devido à fricção que faz com os grãos. Foram feitas duas sessões com seis aplicações em cada e entre as aplicações os dentes foram lavados abundantemente para a total retirada da pasta.
O polimento do esmalte foi realizado com disco de feltro Diamond Flex (FGM) e pasta de polimento Diamond Excel (FGM) (Figs. 17 e 18). Ainda sob isolamento absoluto, foi feita a aplicação de fluoreto de sódio Flúor Care (FGM) (Figs. 19 e 20). O aspecto final imediato pode ser observado na Figura 21.
Conclusão
A microabrasão do esmalte, realizada com produto à base de ácido clorídrico e carbeto de silício (Whiteness RM, FGM), é uma técnica segura, conservadora, de fácil execução e baixo custo, sendo eficiente para remoção de manchas hipoplásicas superficiais.