Dr. Pedro Alexandre
Amplas restaurações de resina ou de amálgama são encontradas rotineiramente no dia-a-dia clínico. No caso das restaurações de amálgama, elas foram por um longo período a melhor alternativa restauradora direta para casos de ampla destruição coronal, porém, a despeito de suas vantagens, devido ao seu alto coeficiente de expansão térmica e alto módulo de elasticidade – que podem levar a trincas e fraturas estruturais do dente; e a não serem estéticas – o que por si já pode ser considerado um critério de substituição, hoje é desinteressante manter amplas restaurações de amálgama pois já existem materiais melhores, e a substituição cuidadosa destas restaurações pode evitar ou pelo menos adiar fraturas estruturais do dente que levem a necessidade de um implante por exemplo.
As resinas compostas são uma opção de material para substituição de restaurações, porém, a indicação clássica de literatura para restaurações diretas de resina em posteriores, não embasa a utilização desses materiais de forma direta para reposição de cúspides, embasa a utilização em istmos menores que 1/3 da distância intercuspídea, apesar de hoje ser amplamente divulgado e demonstrada essa forma de utilização, como se pode ver na foto 1, onde o elemento 46 foi restaurado de forma direta, e apresentava grandes áreas de infiltração, além de perda da morfologia e desgaste que culmina com erupção do dente antagonista, criando problemas de desníveis oclusais.
Este relato de caso busca mostrar uma alternativa já amplamente conhecida, as restaurações indiretas cerâmicas tipo “onlays e overlays” produzidos com cerâmicas vítreas.
Paciente compareceu ao consultório com amplas restaurações de amálgama nos dentes posteriores, em ambos os arcos, sendo que várias delas estavam com fraturas de cúspides e em alguns dentes com grandes trincas e sensibilidade. O objetivo do tratamento foi o de permitir um maior conforto mastigatório e preservar as estruturas evitando fraturas dentais.
Inicial dentes 46 e 47 – 46 com tratamento endodôntico e ampla restauração de resina composta, e 47 com ampla restauração de amálgama. Em ambos o risco de uma fratura catastrófica da estrutura dental é iminente, e uma proteção de cúspides tem um papel interessante na longevidade desses dentes.
Tendo em vista a ampla restauração de amálgama já optamos por remover o material restaurador sob isolamento absoluto, para evitar o paciente de engolir amálgama, bem como para ter uma maior tranquilidade no procedimento, visto que a língua e bochechas não irão atrapalhar no procedimento.
Previamente ao preparo das overlays foi realizada uma moldagem com silicone de condensação denso e fluido para a cópia dos dentes da paciente, que permitiriam a rápida confecção de provisórios com Resina Bisacrílica PrimmaArt (FGM).
No preparo dos elementos por uma questão também estética, optou-se por realizar um preparo de overlay, e na vestibular chanfro para permitir mascaramento do fundo escurecido. Observe que a lingual que possuía ainda bom remanescente de esmalte, que foi mantido, para evitar ainda mais desgaste de estrutura sadia, e aproveitar a ótima adesão ao esmalte remanescente. A escala de cor serve de meio de comparação para que o laboratório possa ter noção da coloração do substrato e da cor alvo nas novas peças.
Feitas a moldagens e registros, os provisórios puderam ser executados em resina Bisacrílica PrimmaArt em 5 minutos. Observe que mesmo sem polimento o material possui ótimo brilho e superfície lisa, além de ser muito resistente.
Em sete dias obtivemos essas lindas peças cerâmicas, muito bem executadas.
Etapa importante do tratamento de superfície das peças cerâmicas, o condicionamento com ácido Fluorídrico nesse caso deve ser executado por 20s. Pois tratam-se de cerâmicas vítreas reforçadas por dissilicato de lítio, e optou-se pelo Condac Porcelana 10% em função de sua excelente tixotropia e pela espessura da peça.
Aspecto branco opaco das peças logo após o condicionamento com ácido fluorídrico.
A Aplicação do Silano (Prosil FGM) – agente de ligação cruzada – é quem vai permitir o link entre a cerâmica e o material resinoso responsável pela cimentação adesiva das overlays.
Para garantir a melhor adesão possível é imprescindível um isolamento absoluto. Nesses casos a dependência da união adesiva é máxima, então a limpeza dos dentes e manutenção de um meio limpo e seco é imprescindível para o sucesso em longo prazo.
O tratamento da superfície dentária para adesão nesse caso compreendeu além de um jateamento da superfície com Jato de óxido de Alumínio, o condicionamento com ácido fosfórico Condac 37 (FGM). E como sistema adesivo foi utilizado o sistema Ambar Universal APS (FGM).
O cimento de escolha para esses casos é o Allcem Core, por ser dual, e por suas ótimas propriedades, como excelente viscosidade, resistência mecânica.
Aplica-se o cimento resinoso através das suas ponteiras misturadoras, tanto na peça quanto no dente, para que ocorra um leve excesso e extravasamento do cimento. Nesse momento com leve pressão digital ou de algum instrumento leva-se a peça até a posição e aproveita-se para remoção dos excessos com pincel, enquanto o cimento não se polimerizou quimicamente.
Final Imediato