Um relato de experiência profissional por Dr. Alexandre Greco e Dr. Gustavo Greco
Utilizamos o sistema Arcsys desde o ano de 2016 em nossa clínica e em nossos cursos de imersões, aperfeiçoamentos e especializações em Implantodontia e Prótese Dentária. Os fatores que nos levaram a optar pelo uso deste sistema, foram principalmente, a macrogeometria e o tratamento de superfície dos implantes, o que nos possibilita atuar em todos os padrões ósseos que compõem a região maxilo-mandibular, modificando apenas a técnica cirúrgica (fresagem ou subfresagem), a sua conformação simples e de fácil compreensão com componentes protéticos que apresentam interface única, o que minimiza a necessidade de estoque de material e otimiza nosso trabalho.
A ativação mecânica dos componentes, de forma friccional, sem a utilização de parafusos, é uma condição especial do sistema Arcsys de implantes. Esta conexão chamada de cone morse friccional, dispensando o uso de parafusos, promove uma “solda fria” entre pilar protético/implante, evitando a formação de espaços na interface do conjunto, promovendo um selamento e evitando a colonização bacteriana da região.
A interface pilar protético/implante é uma área crítica, devido a sua localização em nível de crista óssea. Quando o conjunto recebe cargas mastigatórias, os sistemas pilar/implante parafusados tendem a sofrer uma redução da estabilidade, sendo passível de ocorrer micromovimentações. Com isso, ocorre a presença de espaços com consequente colonização microbiana, contribuindo para peri-implantite. A vedação microbiológica da interface implante/componente dos sistemas hexagonais e cônicos internos parafusados já foram pesquisados e estudados na literatura, demonstrando sua incapacidade de selamento microbiológico. Realizamos uma pesquisa durante o meu doutorado em implantodontia, com o sistema Arcsys, como objetivo de avaliar, in vitro, a capacidade de selamento microbiológico na interface implante/componente friccional.
Os resultados, que serão publicados em breve, demonstraram efetividade no selamento microbiológico do sistema friccional. Este é um fator de fundamental importância na escolha do sistema de implantes, já que um efetivo selamento microbiológico, proporciona estabilidade tecidual na região considerada mais crítica, interface implante/componente e crista óssea alveolar. Com este selamento microbiológico efetivo, é possível a neoformação óssea na região adjacente a interface implante/componente, proporcionando resultados biológicos, funcionais e estéticos superiores.
Relato clínico
Foi realizado uma reabilitação implantossuportada na maxila. Inicialmente com a exodontia dos dentes presentes e instalação de uma prótese total imediata. Após 90 dias, com a duplicação da prótese da paciente, foi confeccionado um guia tomográfico e o exame tridimensional foi realizado para planejamento cirúrgico. Foram então, instalados 8 implantes na maxila, objetivando uma futura confecção de um protocolo em cerâmica. Após 90 dias da instalação dos implantes, foram realizados os procedimentos de reabertura e manipulação de tecido mole, objetivando ganho de gengiva ceratinizada peri-implantar. Com os tecidos moles cicatrizados, a prótese tipo protocolo, parafusada, em cerâmica foi confeccionada. A paciente se encontra em controle, com follow-up de 3 anos. Nas radiografias, panorâmica e peripicais de controle, podemos observar a neoformação óssea na região adjacente ao conjunto implante/componente protético, proporcionado estabilidade tecidual. Esta neoformação óssea, é possível, graças a capacidade e efetividade do selamento microbiológico, na interface implante/componente, proporcionado pelo sistema friccional Arcsys, impedindo a colonização bacteriana da região e consequentemente, evitando a peri-implantite e a perda óssea marginal periimplantar.
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