A evolução dos biomateriais sintéticos

AUTOR: Prof. Dr. Eduardo Kalil

 

Após a comprovação científica da osseointegração no final da década de 70, definida como “uma conexão direta e estrutural entre osso vivo ordenado e a superfície de um implante submetido a carga funcional”, grandes avanços foram realizados para que cirurgias de implantes dentários se tornassem uma alternativa viável e previsível na substituição dos elementos dentários ausentes.

Atualmente, com o desenvolvimento de novas micro e macro estruturas nos implantes osseointegráveis, houve um considerável aumento nos índices de sucesso do seu uso no tratamento reabilitador oral.¹ Uma das condições fundamentais para o sucesso e longevidade da reabilitação implanto-suportada é a existência de um volume ósseo que possibilite a instalação dos implantes na posição protética ideal.

Contudo, o que usualmente se encontra na clínica diária são reabsorções ósseas caracterizadas pela atrofia do tecido ósseo em altura e espessura, podendo variar entre as diferentes regiões da cavidade oral com padrões de reabsorção distintos, principalmente após as perdas dentárias pela falta de estímulo mastigatório ao osso alveolar². Além disso, as reabsorções causadas pela doença periodontal podem ocasionar uma grande redução do volume ósseo, impossibilitando a instalação de implantes e exigindo reconstrução óssea prévia².

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Fig. 1 – Rx Inicial

Fig.2 Elevacao do assoalho do seio maxilar e1728327969283 - A evolução dos biomateriais sintéticos

Fig. 2 – Elevação do assoalho do seio maxilar

Fig.3 Preenchimento com Nanosynt e1728327997230 - A evolução dos biomateriais sintéticos

Fig. 3 – Preenchimento com Nanosynt

Fig. 4 Rx 5 meses pos - A evolução dos biomateriais sintéticos

Fig. 4 – Rx 5 meses pós-enxerto

Com o entendimento da necessidade e importância da instalação implantar tridimensionalmente mais adequada para a futura prótese implanto-suportada, os procedimentos de aumentos ósseos horizontais e verticais ganharam mais espaço. Com isso, novas técnicas, tecnologias e biomateriais de substituição óssea foram incorporados à prática clínica da implantodontia.

Até a presente data, o enxerto autógeno é considerado o material padrão ouro para os aumentos ósseos. Isso se deve por ser o único material a conter características osteogênicas, osteocondutoras e osteoindutoras³. No entanto, esta prática eleva a complexidade e a morbidade do procedimento, visto que na maioria das situações uma outra área cirúrgica precisa ser abordada para atuar como fonte doadora de tecido.

 

Fig.5 Fenestracao vesibular no inicio da instalacao do implante Arcsysjpg e1728329024836 - A evolução dos biomateriais sintéticos

Fig. 5 – Fenestração vestibular no início da instalação do Implante Arcsys.

Fig.6 Preenchimento da fenestracao com Nanosynt apos o posicionamento final do implante jpg e1728328947833 - A evolução dos biomateriais sintéticos

Fig. 6 – Preenchimento da fenestracao com Nanosynt após o posicionamento final do implante

 

Fig.7 Aspecto clinico apos 8 meses da coroa protetica instaladad scaled e1728328986277 - A evolução dos biomateriais sintéticos

Fig. 7 – Aspecto clínico após 8 meses da coroa protética instalada

Visando diminuir as desvantagens dos procedimentos de enxertia óssea autógena, os materiais sintéticos derivados dos fosfatos de cálcio e de ação osteocondutora, vem assumindo um importante protagonismo como substitutos de primeira escolha. Compostos por Hidróxiapatita (HA) e Tricálcio Fosfato (TCP) são empregados puros ou associados em diversas situações clínicas.

Diversos trabalhos mostram a possibilidade de substituição do osso autógeno por tais materiais com sucesso nos procedimentos de aumentos ósseos menores, como na elevação do assoalho do seio maxilar e no preenchimento de “GAPS” entre alvéolo e implante nas instalações imediatas pós-exodontias4,5. Já nos aumentos ósseos horizontais maiores, a tendência atual é de associar o biomaterial ao osso autógeno para resultados mais previsíveis, tendo como vantagem uma menor quantidade de osso autógeno necessária, porém acrescentando com essa associação células osteogênicas e potencial osteoindutor ao nosso procedimento, características exclusivas do osso autógeno6,7.

A Hidroxiapatita é um material que apresenta baixa taxa de reabsorção, o que a qualifica para uma adequada manutenção do volume durante a fase de formação óssea, além de disponibilizar mais material residual e consequentemente mais potencial de regeneração tardia.

O BTCP por sua vez, é um material que tem reabsorção mais rápida, disponibilizando cálcio de modo imediato. Com esta característica, seu volume é disponibilizado rapidamente, o que confere espaço para o novo osso a ser formado. A desvantagem é que esta reabsorção acontece antes da formação óssea, perdendo-se muito volume do material.

O Nanosynt aparece no mercado como um material Bifásico, formado por 60% de Hidroxiapatita e 40% de B-TCP, aliando dessa forma a estabilidade volumétrica da HA com o rápido fornecimento de espaço e de íons Ca2+ do B-TCP, possibilitando uma rápida e segura neoformação óssea.

Outras características do Nanosynt são relacionadas à sua diferenciada nanoestrutura, onde a geometria e a elevada porosidade dos grânulos favorecem a invasão vascular otimizando a osteocondução. Em pesquisa realizada pela Universidade de Nova Iorque, a comparação do Nanosynt com outros dois biomateriais (sintético e bovino) largamente utilizados no mercado odontológico, demonstrou resultados muito favoráveis e promissores. A avaliação histológica após 4 semanas da aplicação dos três materiais mostrou uma maior quantidade de osso formado (23%) no grupo onde o Nanosynt foi utilizado, comparado aos outros materiais sintético (11%) e Bovino (17%).8

Seu uso está indicado nos procedimentos de elevação do assoalho do seio maxilar, recobrimento de fenestrações ósseas durante a instalação de implantes, preenchimento de GAP entre
alvéolo-implante durante a instalação imediata do implante pós-exodontia e aumentos ósseos horizontais pequenos, moderados e grandes, nesse caso associado ao osso autógeno.

 

REFERÊNCIAS

1. Roos-Jansåker, A. M., Lindahl, C., Renvert, H. and Renvert, S. (2006), Nine- to fourteen-year follow-up of implant treatment. Part I: implant loss and associations to various factors. Journal of Clinical Periodontology, 33: 283–289. doi:10.1111/j.1600-051X.2006.00907.x
2. Cawood JI, Howell RA. A classification of the edentulous jaws. Int J Oral Maxillofac Surg. 1988;17(4): 232-
3. Hallman M, Lundgren S, Sennerby L. Histologic analysis of clinical biopsies taken 6 months and 3 years after maxillary sinus floor augmentation with 80% bovine hydroxyapatite and 20% autogenous bone mixed with fibrin glue. Clin Implant Dent Relat Res. 2001; 3(2): 87-96.
4. Araujo MG, Sukekava F, Wennstrom JL, Lindhe J. Ridge alterations following implant placement in fresh extraction sockets: an experimental study in the dog. J Clin Periodon- tol 2005: 32: 645–652.
5. Chappuis, Vivianne, Mauricio G. Araújo, and Daniel Buser. Clinical relevance of dimensional bone and soft tissue alterations post-extraction in esthetic sites. Periodontology 2000 73.1 (2017): 73-83.
6. Urban, Istvan A.; Nagursky, Heiner; lozada, Jaime L. Horizontal ridge augmentation with a resorbable membrane and particulated autogenous bone with or without anorganic bovine bone-derived mineral: a prospective case series in 22 patients. International Journal of Oral & Maxillofacial Implants, v. 26, n. 2, 2011.
7. Urban, Istvan A. et al. Long-term Evaluation of Peri-implant Bone Level after Reconstruction of Severely Atrophic Edentulous Maxilla via Vertical and Horizontal Guided Bone Regeneration in
Combination with Sinus Augmentation: A Case Series with 1 to 15 Years of Loading. Clinical implant dentistry and related research, v. 19, n. 1, p. 46-55, 2017.
8. Nick Tovar, Ryo Jimbo, Lukasz Witek, Rodolfo Anchieta, Daniel Yoo, Lakshmipradha Manne, Lucas Machado, Riddhi Gangolli, Paulo G. Coelho, The physicochemical characterization and response of micro/nanoporous bioactive ceramic particulate bone graft materials, Materials Science and Engineering: C, Volume 43, 2014, Pages 472-480, ISSN 0928-4931, http://dx.doi.org/10.1016/j. msec.2014.07.048.

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