Autores: Gustavo Oliveira dos Santos: professor adjunto de Clínica Integrada – FO/UFF / professor do mestrado em Clínica Odontológica – FO/UFF / doutor em Dentística – FO/UERJ / , Gabriella Paiva Bahiense: aluna de graduação em odontologia – FO/UFF / Isleine Portal Caldas: oficial dentista – Exército Brasileiro / mestre em Clínica Odontológica – FO/UFF / Especialista em Prótese Dental – FO/UFF
Atualmente, a procura pelo tratamento odontológico não se limita mais a situações dolorosas ou casos de reabilitação funcional. O restabelecimento da saúde bucal também implica devolver um sorriso esteticamente harmonioso, que pode ser afetado por alterações decorrentes de escurecimento fisiopatológico de dente, manchas extrínsecas, traumas, má formações dentárias e tratamentos ortodônticos não finalizados.
As restaurações adesivas diretas constituem uma das alternativas restauradoras para correção de desarmonias estéticas que restabelecem a cor natural com máxima preservação da estrutura dental, e não requerem preparo dental retentivo.
As restaurações com resinas compostas em dentes anteriores representam um grande desafio e requerem atenção a detalhes importantes para se obter bons resultados em dentes anteriores. Aos profissionais cabe a necessidade de deter os conhecimentos necessários para elaboração de um planejamento adequado para correta escolha da técnica restauradora, bem como do material a ser utilizado em relação às suas propriedades mecânicas e óticas, a fim de reproduzir a estrutura dental a ser restaurada, devolvendo saúde, estética e função aos pacientes.
Nesse sentido, este trabalho apresenta um caso clínico com comprometimento estético, em que são realizados clareamento dental e restaurações diretas nos incisivos laterais superiores para corrigir seu tamanho e devolver uma proporção mais adequada, propiciando um sorriso mais favorável.
Relato do caso
Paciente do sexo feminino, 19 anos, procurou a Clínica Integrada da Universidade Federal Fluminense (UFF), visando melhorar a aparência do seu sorriso. Em um primeiro contato com a paciente, verificou-se o desejo por dentes mais claros e sua insatisfação com os seus incisivos laterais desproporcionais aos demais dentes.
Inicialmente foi planejado para a paciente o clareamento de consultório associado com o clareamento caseiro. Após a profilaxia, a barreira gengival (Top Dam, FGM) foi aplicada sobre a margem gengival e foi feita a aplicação do gel dessensibilizante (Desensibilize KF 2%, FGM) para prevenir a hipersensibilidade. O gel à base de peróxido de hidrogênio a 35% (Whiteness HP Blue com cálcio, FGM) foi, então, manipulado e imediatamente aplicado. Ao término de 40 minutos, o produto foi cuidadosamente removido por aspiração e lavagem com spray de ar/água. Para otimização do resultado, foram confeccionadas moldeiras em silicone para clareamento caseiro com gel à base de peróxido de carbamida a 16% (Whiteness Perfect 16%). As orientações foram passadas verbalmente e por escrito para o paciente. Os retornos foram agendados semanalmente e após 3 semanas de uso do gel clareador um resultado satisfatório foi alcançado.
Previamente ao procedimento restaurador, movimentos excursivos da guia anterior foram realizados para observar o espaço permitido para as futuras restaurações.
A partir do enceramento dos elementos 12 e 22 por acréscimo, foi feita a guia de orientação em silicone. Foi realizada a proteção dos dentes adjacentes com fita teflon. O condicionamento ácido total com gel de ácido fosfórico a 37% (Condac 37, FGM) por 30 segundos foi feito em esmalte, seguido por lavagem por spray ar/água por 30 segundos. O excesso de umidade foi removido com leve jato de ar por se tratar do substrato dentário em esmalte. Sistema adesivo (Ambar, FGM) foi aplicado, seguido de fotoativação por 20 segundos.
Inicialmente, foi realizada a inserção da primeira camada de resina composta translúcida (Opallis T-Neutral, FGM) na guia de silicone, para simular a face palatina do dente e, em seguida, a fotopolimerização do material por 40 segundos. Após isso, a guia foi removida da boca e aplicada uma camada de resina Opallis DA1 sobre o primeiro incremento para simular a dentina, seguido por fotopolimerização por 40 segundos. Para finalização, foi aplicada uma camada de resina Opallis EA1 sobre toda a área restaurada para simular o esmalte vestibular, seguida de fotoativação por 40 segundos.
Para certificar a anatomia e escultura dental, foram utilizados discos de lixa Diamond Pro (FGM) e pontas de borracha simularam a textura dos dentes adjacentes. E para reproduzir estrias na superfície do esmalte, pontas diamantadas de acabamento foram utilizadas. O polimento foi realizado com disco de feltro (Diamond Flex, FGM) e pasta de polimento (Diamond Excel, FGM).
Conclusão
Um planejamento bem definido e a utilização de uma sequência correta da técnica restauradora possibilita um tratamento com resultado previsível e satisfatório. Além disso, os materiais utilizados se mostraram eficientes na execução do caso clínico.