Análise por microscopia (FESEM).
Autores: Dr. Guilherme Carpena Lopes e Dra. Deise Rebelo Consoni
Novos sistemas cerâmicos têm sido desenvolvidos e disponibilizados no mercado internacional. A adequada adesão à cerâmica é alcançada mediante dois princípios: aplicação de ácido hidrofluorídrico (HF) em baixa concentração por alguns segundos seguido da aplicação de agente de ligação silano¹ Respectivamente, essas etapas resultam em uma superfície cerâmica com maior energia livre de superfície e união química à sílica na cerâmica,² seja esta feldspática ou vidro cerâmico. Com a popularidade dos sistemas cerâmicos para uso em CAD/CAM, conhecer o padrão de condicionamento de cada marca comercial de ácido fluorídrico no bloco cerâmico selecionado para uso clínico é de crucial importância.
Objetivo: Analisar com microscopia eletrônica de varredura por emissão de campo eletromagnético (FEG) o padrão de condicionamento superficial de três blocos cerâmicos utilizando um gel hidrofluorídrico na concentração 10%.
Materiais e métodos: Os blocos cerâmicos (n = 2) selecionados para este estudo laboratorial foram: cerâmica feldspática (VITABLOCS Mark II, VITA Zahnfabrik, Alemanha); vidro cerâmico reforçado com dissilicato de lítio (IPS e.max CAD, Ivoclar Vivadent, Liechtenstein) e, vidro cerâmico reforçado com alta densidade de dissilicato de lítio obtidas por micronização (HDM, GC Initial LiSi CAD, GC Co., Japão). Os blocos foram cristalizados em forno cerâmico apropriado, cortados em duas direções de seção para obtenção de amostras retangulares (4x4x6mm³) usando disco diamantado em baixa rotação, polidos com lixas carbeto de silício até #2000 grãos, limpos em ultrassom com água purificada e divididos em dois grupos: controle = superfície da cerâmica polida; ou, superfície cerâmica tratada com ácido hidrofluorídrico 10% (Condac Porcelana, FGM). Os tempos de aplicação do gel, respectivamente conforme as instruções de cada fabricante de bloco cerâmico, foram: 60 segundos, 20 segundos e 20 segundos. Em seguida, o HF foi completamente enxaguado com spray ar/água por 30 segundos. As amostras de cerâmica foram novamente limpas em ultrassom por 10 minutos, secas com jato de ar isento de umidade e óleo por aproximadamente 1 minuto, montadas em porta-amostras, recobertas com ouro-paládio e observadas em MEV (FESEM, JSM-6701F, JEOL) com ampliações de 2,000X à 20,000X.
Resultados: Os grupos de controle não apresentaram padrão de formações de microrretenções (Figs. 1, 3 e 5) comparável as amostras tratadas por ácido hidrofluorídrico 10%. As amostras
tratadas com HF resultaram na criação de irregularidades para todos os blocos cerâmicos (Figs. 2, 4 e 6). A cerâmica feldspática mostrou um padrão de condicionamento com aparência de favos de mel na matriz vítrea³ com manutenção da integridade dos cristais cerâmicos (Fig. 2). Os blocos de vidro cerâmico reforçados com dissilicato de lítio (Fig. 6) e dissilicato de lítio micronizado (Fig. 4) exibiram padrão de condicionamento cerâmico de semelhante profundidade. Adicionalmente, este padrão foi homogêneo em toda a superfície, com densa concentração de cristais de dissilicato de lítio exposto e aparentemente sem áreas de sobre-condicionamento cerâmico. Para ambos os blocos de vidro cerâmico, os cristais de dissilicato de lítio apresentaram-se retidos à fase vítrea (Fig. 4 e 6).
Conclusão: Para todas as cerâmicas analisadas (feldspática, cerâmica de vidro reforçado com dissilicato de lítio e vidro cerâmico reforçado com dissilicato de lítio micronizado), ácido hidrofluorídrico 10% (Condac Porcelana, FGM) resultou em apropriado padrão de condicionamento cerâmico sob perspectiva adesiva e integridade.
REFERÊNCIAS
1. Carpena G., Ballarin A., Aguiar J. A new ceramics approach for contact lens. ODOVTOS-Int. J. Dental Sc. 2015:17:12-18. 2. Carpena G., Ballarin A. Hydrofluoric acid – simple things you may do not know about something you are so habituated to use. ODOVTOS-Int. J. Dental Sc. 2014;16:15-23. 3. Oh W.S., Shen C., Alegre B., Anusavice K.J. Wetting characteristic of ceramic to water and adhesive resin. J Prosthet Dent. 2002;88:616-621