Autores: Dr. Luis Fernando Bessel, Dr. Raphael Monte Alto, Dr. Fernando Thalheimer Bacchi e TPD Alexandre Heitor Klein.
Paciente do sexo feminino, 63 anos de idade.
QUEIXA PRINCIPAL: Dente que quebrou inteiro e atrapalha a estética e a mastigação.
AVALIAÇÃO INICIAL
Na anamnese a paciente relatou ter quebrado o dente 42 durante a mastigação, fato confirmado no exame clínico onde também percebeu-se apenas a fratura coronária, não comprometendo a raiz. Ao exame radiográfico apresentou endodontia satisfatória indicando a possibilidade da reconstrução com uso de pino de fibra de vidro e coroa cerâmica.
TRATAMENTO EXECUTADO
A reconstrução coronária dental por muitas vezes se faz necessária com uso de pinos de fibra de vidro aliado à resina composta como núcleo de preenchimento. Em dentes com estrutura radicular com sucesso endodôntico clínico e radiográfico, a técnica de cimentar um pino de fibra permite a recuperação da função e estética deste elemento. Quando se fala de dentes anteriores superiores ou até mesmo posteriores, os pinos de tamanho e formato tradicionais são os mais utilizados. Porém, nos incisivos inferiores onde as características anatômicas e radiculares são diferenciadas, ao se utilizar um pino convencional se faz necessário muito desgaste no preparo do conduto.
Recentemente, há disponível no mercado nacional um modelo de pino de fibra de vidro chamado DC Fit 0.4 (Whitepost System) com características especiais para estes casos, preservando e otimizando a reabilitação dentária. Após o diagnóstico e avaliação radiográfica do caso, foi decidido pela reabilitação coronária através de pino de fibra de vidro com núcleo de resina composta associado à coroa cerâmica.
No caso clínico aqui apresentado, após diagnóstico e confirmação de endodontia satisfatória, procedeu-se o isolamento absoluto do campo operatório para remoção do tecido cariado ainda presente no remanescente.
Em seguida, utilizando brocas tipo gates e largo foi realizado a desobturação do canal radicular e a escolha do pino de fibra foi o tamanho DC Fit 0.4 (Whitepost System) por ser adequado ao caso e permitir maior preservação da dentina intrarradicular.
Após a desobturação se fez a conferência do posicionamento do pino e iniciou-se o tratamento superficial do pino para cimentação. Após uma limpeza inicial com gaze embebida de álcool 70% foi aplicado no pino o ácido fosfórico 37% por 1 minuto com finalidade de melhorar a limpeza, seguido de lavagem e secagem com jato de ar. O próximo passo foi aplicação do agente silano de união (Prosil), em duas aplicações, deixando 1 minuto sobre o pino seguido de jato de ar para completa evaporação. Aplicou-se um adesivo
hidrófobo secando extensamente para afinar a película do adesivo seguido de fotoativação por 40 segundos.
Devido à satisfatória adaptação radicular do pino, optou-se pela cimentação direta sem reembasamento com resina composta. A superfície intrarradicular passou por limpeza com escova rotatória e pedra-pomes com água, extensa irrigação com água destilada em seringa com agulha longa e o conduto foi seco com cones de papel. Para a cimentação do pino a opção escolhida por simplificar a técnica e o tempo clínico, foi um cimento autoadesivo, o qual não se faz necessário qualquer outro tratamento na superfície intrarradicular. O preparo deste cimento é através de sua própria seringa de corpo duplo e ponta de auto-mistura que foi acoplada a uma ponta fina para injetar na porção mais apical do conduto, o cimento de apical para coronal (evitando-se assim bolhas e preenchendo por completo o conduto). Feito isto, o pino foi inserido completamente no espaço intra canal, aguardando um tempo de 4 minutos (para presa química e função autoadesiva do cimento) para então iniciar a fotopolimerização (cerca de 40 segundos cada face).
A porção coronária do pino recebeu mais uma película de adesivo hidrófobo seguido de fotopolimerização de 40 segundos, para inserção de incrementos de 2 mm de resina composta opaca (Opallis OP) para conformação do núcleo de preenchimento para posterior preparo para coroa cerâmica.
Após o preparo protético, foi realizado com dente de estoque um provisório e também realizada a moldagem utilizando-se de um silicone de adição. Foi confeccionado no laboratório de prótese uma coroa monolítica maquiada de dissilicado de lítio.
A peça protética passou pela seguinte sequência de tratamento de superfície: ácido fluorídrico 10% (Condac Porcelana) por 20 segundos, seguido por lavagem de spray de água e jato de ar, aplicação do ácido fosfórico 37% (Condac 37) por 1 minuto, lavando e secando, aplicação de agente silano (Prosil) por 1 minuto, jato de ar, adesivo hidrófobo secagem intensa e fotopolimerização por 40 segundos.
Na porção coronária do preparo foi realizada a profilaxia com pedra-pomes e água associada à escova Robinson, aplicação de adesivo hidrófobo e fotopolimerização. A cimentação foi com o cimento convencional dual (Allcem Core) inserindo através da ponta automisturadora dentro da coroa, posicionando a coroa sobre o preparo e removendo os excessos com pincel, seguido da fotopolimerização (40 segundos cada face).
A utilização combinada de pinos de fibra de vidro e coroa cerâmica é capaz de devolver estética e função mesmo em casos de extensa destruição coronária, fato mais crítico em coroas de incisivos inferiores, inerentes a sua morfologia coronária e radicular. Pinos de fibra com diâmetro reduzido favorecem e preservam estrutura dentinária radicular, sendo efetivos na preservação e função do elemento dentário.
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As constantes evoluções em forma e estratégia de cimentação fazem da linha Whitepost System a minha escolha. Com
o lançamento do modelo DC FIT 0.4 a linha fica ainda mais completa pois conseguimos trabalhar em condutos mais delgados após tratamentos endodônticos cada vez mais conservadores.
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Prof. Dr. Raphael Monte AltoDoutor em Dentística-UERJ
Mestre em Clínica Odontológica-UFF
Pós Doutor Odontologia-UFA
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